quinta-feira, 24 de novembro de 2016

A historia de Arnaldo pt2


1997 – Um péssimo ano para as ações da VALE
   A empresa de Arnaldo estabeleceu como política de remuneração que todos os salários seriam reajustados pelo IPCA, calculado pelo IBGE. Passou a ganhar, com o aumento, R$ 1.643,40 líquidos. Seu aporte poderia subir. No começo de 1997 as coisas pareciam promissoras.
 A VALE3 bateu R$ 33,00 em 04/03/1997. Arnaldo ficou animado. Começou a estudar um pouco sobre a empresa e a confiar no negócio e nas perspectivas com a privatização iminente. Passou a se abalar menos com as quedas até que a VALE3 despencou a R$ 17,50 em 12 de novembro de 1997. Àquela altura ele tinha investido pouco menos de R$ 7.000,00 e tinha em conta apenas R$ 4.400,00. Apesar das boas perspectivas, aquele negócio de investir na bolsa parecia fadado ao fracasso. Ao menos, estava conseguindo comprar uma bela quantidade de ações com seus trezentos e poucos reais. Quase 17 ações.

Em 29/12/1997
Ao ligar para o já amigo Bianor, ouve o seguinte.
- Arnaldo, você tem quase R$ 160,00 em dividendos parados na conta, por que não reinveste? Compre mais ações, elas estão a preço de banana.
Pela primeira vez Arnaldo conseguiu utilizar seus dividendos para comprar um pouco de ações, mais precisamente, 6 ações.

Resumindo até o ano de 1997 
· 24 aportes, totalizando R$ 7.225,63. Média de R$ 301,07.
· 283 ações VALE3, R$ 157,04 de dividendos reinvestidos em ações, totalizando um patrimônio de R$ 5.974,04.
· A rentabilidade média de seu investimento ficou negativa. -19,41% ao ano.

1998 – Muitíssimo pior que 1997. Ninguém achava possível! 
Arnaldo começou, mais um ano, confiante em seus investimentos. Afinal, 1997 tinha sido um ano péssimo para as ações da companhia, mas os resultados eram sólidos e crescentes. O ano de 1998 não poderia decepcionar... Começou com um pequeno reajuste em seu salário, conforme política da empresa já definida. Agora, recebia R$ 1.730,00. Não era muito ambicioso e gostava demais do seu trabalho técnico, não vislumbrava grandes promoções. Até maio, o ano de 1998 parecia bom. Tinha investido R$ 8.700,00 e já estava quase no “zero-azero”, pois a cotação chegou a R$ 26,00 e ele tinha, à época, 340 ações. Até julho, um ano fraco. Daí em diante, um desastre para as ações. De 15 de julho até 12 de setembro as ações chegaram a cair 49%! Desanimado Arnaldo liga para Bianor.
 - Bianor, teve algum desdobramento ou bonificação da VALE? É que as ações caíram 50% em 2 meses...
 - Dessa vez, filho, é queda mesmo. Se formos pensar na cotação de um ano e meio atrás, a queda é de quase 65%. Não está fácil por aqui, garoto. Tem gente furiosa. Mas a empresa está forte. Olhe os resultados. Os dividendos serão ótimos em 1998. Bola pra frente, com a ação a R$ 14,00 não tem espaço para cair mais!
 Pois caiu... Fechou o ano a impressionantes R$ 11,20!!! No natal de 1998, Arnaldo deu para o avô uma camisa do Vasco. O avô era fundador da Charanga Rubro-Negra e do fã-clube do Zico.
Vôvo não reclamou...

Resumindo até o ano de 1998 
· 36 aportes, totalizando R$ 11.327,09. Média de R$ 314,64.
· 520 ações VALE3, R$ 1.140,85 de dividendos reinvestidos em ações, totalizando um patrimônio de R$ 6.964,85. · A rentabilidade média de seu investimento ficou negativa, -33,15% ao ano.
· O que impressionou Arnaldo foi, além das quedas vertiginosas, o volume pago de dividendos, que chegou a quase R$ 100,00 por mês de média. Era 1/3 do que ele aportava mensalmente.

1999 – Enfim algum retorno!
O ano começou com uma inacreditável recuperação das ações. Em apenas um dia a bolsa chegou a subir 33% e a VALE subiu quase 100% no período de 1 mês. Tinha chegado a impressionantes R$ 20,50, tendo partido de R$ 11,20 em 29/12/1998. O ano prometia... e entregou. A VALE encerrou 1999 cotada a R$ 42,00, quase 300% de aumento. Após três anos terríveis, Arnaldo, enfim, começava a acreditar que poderia dar certo.

Resumindo até o ano de 1999 
· 48 aportes, totalizando R$ 15.504,02. Média de R$ 323,00.
· 736 ações VALE3, R$ 1.634,89 de dividendos reinvestidos em ações, totalizando um patrimônio de R$ 32.546,99. · A rentabilidade média de seu investimento ficou POSITIVA em 38,94% ao ano. · Arnaldo recebia uma média de R$ 140,00/mês de dividendos, aquilo começou a deixá-lo muito interessado. Começou a perceber que, se continuasse investindo em empresas sólidas e boas pagadoras de dividendos, um dia poderia ter uma boa renda.
· Apesar do ano espetacular, Arnaldo já conhecia de perto o que significava um “bear market” e sabia que não deveria sair de sua política. 20% de seu salário todo mês e muito estudo sobre a companhia.

2000 – Um gigantesco zero-a-zero! 
Arnaldo começou o ano com um salário de R$ 1.912,73. Já tinha 4 anos de empresa e nenhum sinal de promoção. Mas gostava muito do que fazia, sentia-se feliz em acordar sabendo que vai trabalhar com dutos, compressores, retentores, parafusos etc. Arnaldo começou a sentir necessidade de crescer no emprego para aumentar sua renda e comprar um apartamento, um carro melhor etc. Ouviu de seu avô o seguinte:
- Neto, você tem 26 anos, seus pais são maravilhosos, não deixam faltar nada e não cobram nada de você. Aproveite esse momento raro da sua vida e cuide do seu futuro. Logo virão outras obrigações e você não terá mais a facilidade e a disponibilidade para investir tanto quanto faz hoje.
 O ano 2000 não foi lá grandes coisas. Foi um ano calmo para o país, mas tão calmo que a emoção na bolsa foi quase zero. Arnaldo seguiu seu ritmo e continuou seus aportes. Agora, que tinha R$ 30.000 de patrimônio, aqueles R$ 400,00 por mês quase não faziam muita diferença, compravam muito poucas ações diante das quase mil que já tinha. Porém, aportar havia se tornado um hábito para ele. Já havia incorporado aquilo às obrigações do mês. E ainda conseguia juntar um pouquinho em renda fixa para trocar de carro ou dar entrada em um apartamento. Estava bem equilibrado, pois não tinha compromissos relevantes e ainda era muito jovem.

· 60 aportes, totalizando R$ 19.941,19. Média de R$ 332,35.
 · 871 ações VALE3, R$ 2.908,84 de dividendos reinvestidos em ações, totalizando um patrimônio de R$ 43.410,34.
· A rentabilidade média de seu investimento ficou POSITIVA em 29,78% ao ano.
· Arnaldo recebia uma média de R$ 240,00/mês de dividendos, o equivalente a 12% do seu salário.

2001 – Também um ano de poucas emoções para a VALE, mas de muito fluxo de caixa.
Pela primeira vez, após 5 anos no emprego e aos 27 anos, Arnaldo ganhava mais de R$ 2.000,00 líquidos ao mês. Começou a fazer alguns projetos por conta própria, nas horas vagas da companhia, o que lhe rendia uma graninha extra de vez em quando. Essa grana Arnaldo guardava para seu projeto de trocar de carro. Sua Brasília 1981, presente do pai, já estava um pouco ultrapassada. Ou ainda dar entrada em um apartamento. Sem pressa, pois sua namorada à época tinha 23 anos e estava no meio da faculdade de medicina. Vê-la, só aos finais de semana não precedidos por provas. Era enrolada, mas era linda e pacata. Compreendia que Arnaldo, mesmo com um bom salário e algum dinheiro guardado, dissesse sempre: - Amor, estou sem grana. Vamos deixar o japonês para o dia 05?
 O que mais impressionou Arnaldo em 2001 foi o volume de Juros sobre Capital Próprio (JSCP) distribuídos pela VALE. R$ 4,61 por ação. Como ele chegou ao final do ano com mais de 1.000 ações da VALE, recebeu uma bela grana, que o fez pensar em não reinvestir. R$ 4.600 era muito dinheiro, dava para inteirar até um carrinho melhor.
Desistiu, pois o comportamento já estava enraizado nele, já fazia parte de sua rotina. O dinheirinho mensal para investir tinha a mesma precedência e importância do que aquele que ia para a ajuda que dava em casa ou para o cursinho que pagava à noite. E era mais importante do que o dinheiro dos cineminhas e dos chopinhos com a patroa. Ah, isso sempre gerava algumas boas brigas. E Alice ganhava todas as brigas, Arnaldo se apertava em outras contas, mas não deixava seus aportes de lado. Nem os cinemas.

Resumindo até o ano de 2001
 · 72 aportes, totalizando R$ 24.561,67. Média de R$ 341,13.
· 1.017 ações VALE3, R$ 4.606,53 de dividendos reinvestidos em ações, totalizando um patrimônio de R$ 57.490,53. · A rentabilidade média de seu investimento ficou POSITIVA em 24,82% ao ano.
· Arnaldo recebia uma média de R$ 383,00/mês de dividendos, o equivalente a 18% do seu salário.

Continua,,,

Créditos: Paulo Portinho



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